A IMPORTÂNCIA DA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NO DIAGNÓSTICO COMPLEMENTAR DA MIOCARDIOPATIA NÃO COMPACTADA: RELATO DE CASO
Introdução: A miocardiopatia não compactada (MNC) isolada é uma rara desordem da morfogênese endomiocárdica, cuja prevalência é de aproximadamente 0,014% e caracteriza-se por falha na compactação miocárdica durante a embriogênese, ocasionando a permanência de trabeculações múltiplas, particularmente no ventrículo esquerdo. As manifestações clínicas são comumente sintomas de insuficiência cardíaca, arritmias e tromboembolismo.
Objetivos: Demonstrar a importância da ressonância magnética como método de imagem complementar na investigação de suspeita clínica da MNC.
Métodos: Relato de caso realizado através de história clínica, exames complementares e informações obtidas em revisão de prontuário.
Descrição do caso: Trata-se de paciente do gênero masculino, 50 anos, previamente diabético em uso de hipoglicemiantes orais, que comparece ao ambulatório de cardiologia com queixa de dispnéia aos moderados esforços, progressiva, associada a tosse seca há aproximadamente 5 meses. Ao exame físico, apresentava-se em bom estado geral, ritmo cardíaco irregular, taquicárdico, FC=107bpm, PA=90X60mmHg, pulmões limpos, sem edema periférico. Realizado eletrocardiograma que evidenciou ritmo sinusal, FC=110 bpm, extrassístoles ventriculares isoladas, sobrecarga atrial esquerda, alteração de repolarização ventricular do tipo isquemia subepicárdica na parede anterior. O ecocardiograma transtorácico mostrou trabeculações excessivas na porção distal do ventrículo esquerdo e desempenho sistólico global do ventrículo esquerdo deprimido de forma grave com fração de ejeção estimada em 33%. Com a finalidade de melhorar a acurácia diagnóstica, foi optado pela realização de uma ressonância magnética do coração que demonstrou aumento das trabeculações subendocárdicas do ventrículo esquerdo nos segmentos apicais, anterior e inferior mediais, acentuada hipocinesia global do ventrículo esquerdo e fração de ejeção estimada em 35%, confirmando a suspeita clínica de MNC do ventrículo esquerdo.
Conclusões: A MNC é uma doença crescente na prática clínica, sendo seu diagnóstico classicamente realizado pelo ecocardiograma. O padrão trabecular característico da MNC muitas vezes não é facilmente diferenciado do padrão apresentado na cardiopatia hipertensiva e cardiomiopatia hipertrófica pela análise do ecocardiograma. Sob essa perspectiva, a ressonância magnética representa o exame de imagem complementar indispensável para melhorar a especificidade e precisão diagnósticas da MNC.
miocardiopatia não compactada, ressonância magnética, diagnóstico.
Clínica Médica
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO - Minas Gerais - Brasil
Lucas Corcino dos Santos, Rodrigo Corcino dos Santos, Bernardo Queiroz Motta, Paula Cristina de Freitas, Giovani Luiz de Santi