RELATO DE CASO: PIELONEFRITE ENFISEMATOSA EM PACIENTE JOVEM E PREVIAMENTE HÍGIDA
Pielonefrite Enfisematosa (PE) é uma doença rara e grave, com mortalidade de até 43%. Caracteriza-se por uma infecção aguda necrotizante do rim com presença de gás, sendo a E.coli o agente etiológico mais frequente. Na PE é marcante a associação de fatores como diabetes mellitus (80-90%) e obstrução do trato urinário (40%), além de apresentar maior prevalência em mulheres (5,9:1) na faixa etária de 55 anos.
Relatar um caso de PE em paciente jovem e sem comorbidades, com ênfase na abordagem terapêutica adequada diante da epidemiologia incomum para o caso.
Revisão literária em banco de dados e análise retrospectiva de prontuário.
Paciente S.T.S, feminina, 23 anos, indígena, 3 filhos, etilista e tabagista. Recebida no pronto atendimento em outubro de 2014, em regular estado geral, dor abdominal e com massa palpável em flanco direito. O plantonista solicitou a tomografia de abdômen que demonstrou aumento dimensional do rim direito, presença de gás, hemorragia, conteúdo hidroaéreo perinéfrico, aumento do número de linfonodos retroperitoniais e derrame pleural à direita associado a componente fissural. Iniciou-se antibioticoterapia empírica e posterior adequação com cobertura para bacilo gram negativo não fermentador identificado em cultura de urina e antibiograma. Os exames laboratoriais evidenciaram leucocitose de 17.240 células/uL, anemia normocítica hipocrômica, glicose de 220mg/dL, proteína C reativa de 93 mg/dL, bilirrubina total e direta de 3,0 mg/dL e 2,8mg/dL, respectivamente. Diagnosticada com P.E com abscesso renal, a cirurgia urológica propôs a nefrectomia. No procedimento cirúrgico percebeu-se aderências em goteira parieto-cólica com coleção pio-sanguinolenta e um rim com aproximadamente 2 quilos devido ao processo inflamatório. No pós-operatório, a paciente evoluiu com edema de extremidades, acidose metabólica e sepse, revertida com cuidados intensivos e encaminhada à enfermaria para alta hospitalar. A biópsia da peça cirurgica não acusou malignidade e a S.T.S segue em acompanhamento ambulatorial sem intercorrências.
A PE apesar de rara apresenta alta taxa de mortalidade e constitui emergência urológica grave. Fica evidente que o diagnóstico precoce, através da tomografia computadorizada, e a prescrição rápida e adequada da antibióticoterapia possibilitam a intervenção cirúrgica, quando necessária, em tempo hábil para evitar desfechos desfavoráveis e otimizar o prognóstico.
pielonefrite enfisematosa, indígena, diabetes
Clínica Médica
Universidade Federal de Roraima - Roraima - Brasil
João Pedro Pereira Braga, Marlon Krubnik de Mattos, Pamela Gresh de Souza Rosa, Flávia Lunardelli Negreiros de Carvalho, Hiago Tomaz de Souza Araújo