Relato de Caso: Hipertensão arterial pulmonar idiopática
A hipertensão arterial pulmonar constitui fator de risco na gravidez e no puerpério imediato, determinando alto índice de mortalidade materna. Embora a hipertensão arterial pulmonar represente contra indicação absoluta à gravidez, frequentemente as pacientes são assintomáticas e o diagnóstico não é realizado no período pré-gestacional ou mesmo pré-natal, contrastando com a súbita e grave descompensação cardíaca no peri-parto, especialmente no puerpério imediato. Entre as causas suscetíveis de manifestação na gravidez, incluem-se a hipertensão arterial pulmonar idiopática, doenças do colágeno, entre outras.
Este relato de caso tem como fim avaliação complementar seguindo algoritmo de investigação diagnóstica nos pacientes com suspeita de HAP, de modo que se permita um diagnóstico precoce, e acurado, porém o menos dispendioso e invasivo.
LNO, 17anos, sexo feminino, hígida e puérpera. Admitida 3 dias após parto cesáreo na unidade terapia intensiva com quadro de dispneia, edema de membros inferiores e febre e dor abdominal. Exame físico: paciente taquidispneica e taquicárdica. Ausculta cardíaca: ritmo regular, hiperfonese de B2 que mostra-se desdobrada. Aparelho respiratório sem alterações. Abdome: doloroso difusamente, hepatomegalia palpável a cerca de 12cm RCD. Exames laboratoriais constatou infecção urinária.
Realizado angiotomografia de tórax negativa para tromboembolismo pulmonar, porém com janela radiológica ruim. Tomografia de abdome mostrando hepatoesplenomegalia e alterações renais compatíveis com pielonefrite. Iniciado ceftriaxona e anticoagulação. Ecocardiograma transtorácico evidenciando aumento moderado do ventrículo direito, função biventricular preservada, FEVE: 64%, insuficiência mitral leve, PSAP: 55mmHg. Paciente seguia com sinais de insuficiência cardíaca direita, evoluindo com aumento dos níveis pressóricos, sendo assim iniciado hipotensores e milrinona. Posteriormente submetida a arteriografia pulmonar que constatou hipertensão pulmonar importante. Sem sinais de tromboembolismo pulmonar. Coletadas provas de função reumatológica, hepática, tireoidiana, sorologia para hepatites e HIV, além de marcadores para vasculite sem alterações. Sendo assim, diagnosticado hipertensão pulmonar idiopática.
Avaliação da hipertensão arterial pulmonar deve ser feita de forma abrangente, a fim de permitir excluir outros possíveis diagnósticos e dessa forma instituir o tratamento adequado eficaz, diminuindo morbimortalidade.
Clínica Médica
Vivian Domingos Feliciano, Bruna Maria Melo Mota, Leandro Souza Maia, Camila Fioravanti Figueiredo, Alessandro Luís Gonçalves