DOENÇA DE BEHÇET – relato de caso
A Doença de Behçet é uma vasculite multissistêmica recidivante de causa desconhecida, que envolve vasos de qualquer
calibre. Caracteriza-se pela tríade: úlceras orais e genitais recorrentes, uveíte e lesões cutâneas. Acomete adultos jovens entre 25 e 35 anos, preferencialmente do sexo masculino. O diagnóstico é clínico e de exclusão.
Relatar um caso de doença de Behçet diagnosticado em um centro de atendimento às doenças infecciosas e parasitárias (CADIP) do estado de SP.
Relato de caso
Paciente do sexo feminino, 34 anos, raça negra e doméstica, procurou o CADIP apresentando lesões difusa de pele em membros superiores, associado à pseudofoliculite em dorso. As lesões apareceram há 2 anos, com períodos de remissão espontânea e recidivas frequentes (4x em um ano). Há 1 ano houve recidiva de quadro semelhante. A paciente procurou o serviço de reumatologia com dores articulares de forte intensidade em membros inferiores, sendo medicada com colchicina. Foi encaminhada ao serviço de infectologia para esclarecimento das lesões cutâneas. Na anamnese, paciente relatou estar em acompanhamento oftalmológico devido diminuição da acuidade visual, no entanto, sem detalhes. Paciente nega tabagismo, etilismo, doenças prévias, comportamento de risco e uso de medicações. É casada e não tem outros parceiros. Nega casos semelhantes na família e histórico familiar de doenças autoimunes. Nega febre, perda de peso recente e demais queixas.
Ao exame: bom estado geral, consciente, orientada, P.A: 110/80 mmHg, F.C.: 78 bpm, Temperatura axilar: 36,4 C e Oximetria 98%.
Exame dermatológico: nódulos acneiformes em face, eritema nodoso difuso e lesões papulopustulosas em antebraço esquerdo, cicatrizes de lesões anteriores em antebraço direito, úlceras aftosas em mucosa oral, úlceras em região vulvar e face interna da coxa, sem secreção ou sinais flogísticos. Foram solicitados exames complementares (VHS, FAN, PCR, solorogia para HIV, Sífilis) e hemograma, todos sem alterações.
Com base na anamnese, exame físico e complementar negativos, chegou-se ao diagnóstico de Doença de Behçet.
A doença de Behçet, apesar de rara, deve ser lembrada e investigada no diagnóstico diferencial das dermatopatias, doenças reumatológicas e infectocontagiosas. Suas manifestações podem ser heterogêneas e os exames complementares inespecíficos, devendo o clínico usar a semiologia para realizar o diagnóstico e optar pelo melhor tratamento na tentativa de diminuir as recidivas e evitar complicações.
Doença de Behçet
Clínica Médica
UNAERP - São Paulo - Brasil
CAMILA SINKOS, FERNANDA SINKOS, MAURÍCIO JOSÉ MEDEIROS, SARAH NASSER